domingo, 13 de dezembro de 2009

My Road Ends Here.


Marta Jacinto
Thank you Joseph for realizing my idea.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

In & Out

I. Há coisas que saem, que ficam.

II. Há sombras e histórias muito mal contadas, contrabalançando com aquilo que foi, um dia.

III. Depois do fim, vem a Segunda.

(projecto inicial de Vídeo-Arte para a Exposição 'Silence &...Action!', ainda em estudo)

Cláudia Alves

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Fiz algo escusado...

...Comprei uma lâmpada nova. A minha fundiu-se ontem e por causa disso não conseguia ver as teclas do computador. Acto ridículo, pois este é o fim do nosso querido blog. Quero dizer; não vale a pena recuperar a nossa iluminação quando na verdade o que pretendemos é apagar a luz, fechar a porta e deixar uma pequena nota de suicídio. Apagaremos definitivamente esta pequena lampadazita que nos iluminou com pensamentos já anteriormente iluminados, que por sua vez iluminaram este espaço, de pessoas um pouco mais iluminadas que a média do nosso cantinho no cu da Europa.

Na carta poderia ler-se: agradecemos a todos os que nos leram, viram, observaram, escutaram, etc, enfim, agradecemo-nos uns aos outros, porque somos calões e não fazemos a publicidade suficiente para nos (re)conhecerem. Na carta podia ler-se que caímos em desgraça antes de sermos realmente apreciados por algo, na carta podia ler-se um fartão de coisas. E agora o que me preocupa é que realmente gastei para cima de sete euros a comprar a lâmpada, e a luz vai-se apagar, assim como a do meu cérebro, quando escrevia, e a do meu sorriso, quando vos lia.

Entrementes, adeus caros leitores, este é o fim do nosso espaço.

(Aos autores: acham mesmo que vale a pena desperdiçar mais de sete euros e não continuar a iluminar o nosso cantinho? Um cantinho que nos permite cimentar a amizade, mesmo longe, que nos faculta um monte de oportunidades (esperem até alguém ganhar juízo para nos 'ler'). Pensem bem.)

domingo, 6 de dezembro de 2009

Rush Hour 24/7



Marta Jacinto
(Epá, o blog está a comer a qualidade da foto.)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Ao minuto


Depois de 4 dias de mais do mesmo, é sexta-feira. O homem do coração resistente acorda com o despertador às 7 da matina e deixa-se ficar. Não é ele que o manda
mas a entidade que vive na sua mente assim o ordena, e ele diz amen e obedece fielmente, acordando pouco depois com uma mulher que o abana suavemente a dizer que está atrasado. Ele acorda (literalmente) para a vida, veste-se desenfreadamente e corre à cozinha. Não há tempo para sentar e comer, há que agarrar num iogurte e sair porta fora. A meio do caminho, lembra-se que deixou papéis importantes do trabalho em casa. Grita por dentro, e volta atrás. Procura, porque os papéis resolveram esconder-se para ajudar à festa. Ah-ah, risada. Encontra. Sai a correr, e precorre a rua até á estação, acabando por perder o comboio sagrado. E é assim que, às 8h30 da manhã, ele já sua. Em bica.

Do comboio corre para o autocarro, que alguém lhe colocou o local de trabalho no cú de judas, e logo hoje que ele está atrasado. O autocarro parou porque uma velhinha
ficou presa na porta, entrou devagar demais e por pouco não deixou metade de si na paragem. "Deus nos valha", dizem os passageiros. "Tic-tac, tic-tac", ouve ele. E por
isso corre mais ainda quando chega à paragem. mas já se faz tarde, e agora o ritmo de trabalho terá que ser frenético. Corre, escreve, pede para escrever, lê, entrega,
recebe de novo, repete, corre, cansa. Até teve que cortar no almoço, que foi uma sopinha engolida à pressa que, Deus seja louvado, não tem nada que mastigar. A tarde
não o poupa, e o dia de trabalho acaba com ele, sonâmbulo, à espera do autocarro. Para casa? Não. Este homem ainda estuda, e tem dois testes seguidos nesse dia.

Mas o autocarro está atrasado, para variar, e logo hoje. O teste é ás 6h, e ele às 5h ainda o espera. Chegou enfim, viva! A sua entidade mental manda espasmos ao
motorista para que ele acelere, mas há fila de trânsito. São 5h40. Enfim se dá a chegada á estação, e ele zarpa do autocarro, corre, corre, a mala a bater-lhe nas
costas (a tua velhice há de ser bonita de ver). Olhó Sr. Pica na entrada para o terminal, toca a sacar do passe...
...onde está a carteira?

Ele perde o comboio porque volta atrás para ir buscar a carteira ao autocarro que já partiu, e que vai dar a voltinha de meia hora pelo bairro antes de voltar ao sítio
onde ele está agora. Roubaram-na? Caiu? Será que quem a apanhou ficou com ela? A cabeça palpita e as lágrimas já correm, ele sente-se ninguém sem os seus documentos e o seu dinheiro. Quando o autocarro volta, o motorista tem a carteira dele graças a uma simpática velhinha que a apanhou e entregou.Um dos testes foi para o maneta, mas
para o segundo ainda há uma hipótese. Corre outra vez.

Teste feito, comboio apanhado, são 21h30 quando ele mete a chave à porta e se enfia no duche. Jantar e cama (o corpo só pede a cama, implora, geme). Acabou a semana.


Sábado. Chamada para ele, é um amigo que lhe diz:
- Tudo bem?
- Sim, e contigo?
- Tudo. Vamos saír? É Sábado!
- Not in the mood, meu, tou na cama ainda.
- Meu, tu tens que te mexer mais um bocado. Ligo-te sempre, e nunca dá. A tua vida é demasiado parada.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Take a Deep Breath Here, With Me.



Rir é mesmo o melhor remédio. Sabe a morango.

Cláudia Alves.

domingo, 29 de novembro de 2009

É de Pequenino Que Se Torce o Pepino



Marta Jacinto
(Eu a tentar tirar uma fotografia com uma embalagem de um rolo fotográfico.
Foto tirada pelo meu pai: Jorge Jacinto)
A má qualidade deve-se à digitalização.

sábado, 28 de novembro de 2009

Geração X

A Infância para o falso messias aconteceu, teve essa felicidade e por isso muitos o julgam. Não sabe o que é a vida! Dizem uns, é um problema geracional, dizem outros. Pese embora a óbvia evolução mental da humanidade, as invejas não desaparecem, até se tornam muito evidentes, principalmente quando elas inesperadamente vêm da nossa própria família.
Como pode um avô acusar um neto de desobediência paternal, apenas porque não começou a trabalhar aos sete anos e devido a isso contra-argumentou com a tão chamada evolução civilizacional? No fundo, o avô do falso messias ama-o, mas o peso do trabalho é exasperante. E felizmente houve evolução e todos conseguimos viver com isso, hoje.
Tiago Gameiro

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sonata à Infância


A idade de menino e moço fora vivida rapida mas intensamente, quando os campos eram verde-esperança e os céus azul-limite. Nada existe para nos fazer parar de sonhar quando tudo é belo, e ele não tinha travões por baixo daquele boné. Corria muito durante o dia por campos e vales, cidades e montanhas, luas e desertos. Vivia, vivia, e mais vida tinha, lançando os "porquês" a quem ouvisse, e os poderes mágicos a quem neles acreditasse. Todas as noites havia um Pan que o levasse a voar, quando as luzes se apagavam e o cenário desaparecia, porque era tudo escuro e ele fazia do nada plasticina que moldava em terras do sempre. E que sorriso, que cheiro a borracha, que arranhão lindo no joelho e que mundo o dele!


Então porquê? Porque se foi o menino, e para onde? Eu queria dizer que ele fugiu para longe, que encontrou a sua ilha e por ela se aventurou. Queria que ele tivesse fugido por entre as searas para colher novos aromas e sujar a boca de frutos nos pomares de uma terra longínqua. Mas acho que o afogei e matei. Deixei-o à deriva nas areias da grande ampulheta, e nem me lembro do dia certo em que o fiz. Mas oh se estou arrependido... Que desde esse dia os brinquedos se tornaram armas, os sorrisos se tornaram conveniências, os sonhos se tornaram guerras e os "porquês" sabem a vinagre. Já não voo de noite. Já não tenho plasticina em casa.


Menino e moço, minha flor na tua campa, e teu espírito em mim para sempre, que para sobreviver no real, a imaginação torna-se a cura que já nem nós próprios sabemos aplicar.



Pedro Antunes

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Gymnopédie Nº1, de Satie


Eu, as minhas sandálias vermelhas e o mundo nos pés. Eu, pequenina a sonhar ser grande (antes de eu grande, demasiado pequena). O trigo solarengo e as casas das árvores para onde, um dia, iria morar e desaparecer. Os retalhos de cores espalhados pela relva, pela terra, pelo céu, pelas minhas sandálias e pelos brilhos de purpurina na cara. As pernas, incansáveis nos caminhos que percorremos juntos, mais alegres e quentinhos com os teus beijos e mãos dadas, com a alegria da certeza do Para Sempre esculpido com mil cuidados na terceira árvore, a contar como quem vem do rio. Os abraços engavetados nos intervalos dos jogos da macaca e do Mamã dá Licença. Não queríamos crescer nunca, apesar de não o sabermos. Nunca usámos relógio.

Guardei uma folha de Outono durante vinte anos. Como se o Verão não voltasse nunca mais, como se me decidissem deixar crescer e a ti não, porque tu ficas para exemplo do mundo. Como se eu soubesse que a terceira árvore, a contar como quem vem do rio, seria a primeira a ser decepada e os retalhos de cores fossem roubados pelas andorinhas sem coração ou pele macia. Mas tu lá, sempre. Como se o mundo deixasse de estar nos meus pés e as sandálias vermelhas deixassem de me servir. Tu lá, sempre. Os (a)braços todos do mundo cortados e eu e tu, nunca mais juntos. Mas tu lá. O relógio continuou sem nós.

Mas hoje sei que ganhámos ao tempo, crescemos e fomos felizes. Hoje estou grande e feliz por te ver com braços ainda vivos e estendidos para mim. Com um sorriso que ilumina e enche de cor toda a mágoa que é crescer. Somos pequeninos outra vez, eu tenho sandálias mais crescidas. Vermelhas. Com os pés no mundo e o trigo solarengo, mais brilhante e quentinho com os nossos passos cúmplices, lado a lado, como numa música com final feliz.
Cláudia Alves