terça-feira, 8 de setembro de 2009

As viagens dentro da Viagem

Querida parceira de Viagem,




Já faz um bom bocado que seguimos Viajando. Desde quando? Desde que decidimos juntar as mãos e percorrer esta nova estrada, seguindo por um nevoeiro que apenas descobre o que existe mesmo à frente do nosso nariz. Nevoeiro esse que as pessoas chamam banalmente de futuro. Apesar disso, sinto-me com cinto de segurança posto e continuo convicto que a Viagem ainda agora começou.

Juntámos as mãos sem ter muita força para as apertarmos e logo uma cancela se fechou num cruzamento que encontrámos. Outra viagem, cruzou em alta velocidade, qual comboio que atravessa uma passagem de nível, a nossa Viagem. Tivemos de esperar 3 meses nesse cruzamento até a cancela se abrir novamente. Foi duro, claro. Mas foi um comboio que só se pode apanhar uma vez, que nos enriquece até ao final das nossas vidas e o que dentro dele aprendemos fica para sempre marcado em nós, de forma positiva ou negativa.

As mãos continuavam apertadas, e senti que com mais intensidade, com mais vigor, com mais força. Fomos apertando cada vez mais, como anacondas que encontraram as suas presas... Chegámos ao ponto do sufoco, um sufoco sempre confortável que é como fogo de paixão que nos consome sem nunca nos destruir, a menos que se extinga.

Após mais alguns quilómetros de Viagem, quase sempre calmos, sem furos, sem grandes despistes, sem acidentes, eis que de novo surgem complicações. Outra oportunidade de ouro, que não pode deixar de ser aproveitada, outra viagem dentro da Viagem. Temos estado sempre de mãos apertadas, e o nevoeiro continua a desvendar mais alcatrão à frente. Depois disso? Que a Viagem siga sempre e quebre barreiras ou cancelas, que as viagens passem a fazer parte da Viagem, juntos, e não em separado como temos vindo a fazer até agora, não por nossa culpa, eu sei. Em suma, que a Viagem se torna NA Viagem. E que estes viajantes vejam sempre prazer e diversão na partida para o desconhecido, conhecendo-se, juntos.

um beijo,
O teu Viajante.




Eduardo Rilhas

7 comentários:

Kamon disse...

Mais vale cancelas a quebrar-nos as canelas, escondidas pelo nevoeiro do que seguir por atalhos, de terrenos de saibre com covas e buracos da chuva, por onde passaram tratores agrículas... Isto teria piada se fizessem BTT. Assim, pareço um parvo a divagar sobre um texto que nos deixa a pensar (isto se não te conhecer-mos) e que a sua qualidade mantém-se, como costume.

Kamon disse...

Ps: Gostei do pormenor da viagem estar escrito com letra maiúscula.

Anónimo disse...

O conceito de "viagem dentro da Viagem" é o conceito-chave para muita coisa que várias vezes não conseguimos definir. Ora aqui está uma óptima solução, simples e fácil. É isso mesmo que todos temos feito, com ou sem companheiros viajantes. E, hajam ou não atalhos, cruzamentos e becos sem saída, um desses caminhos há de estar certo e de nos levar onde é preciso.
Fiquei a pensar. Está muito bom.

Pseudónima disse...

É bonita esta definição de amor, independente do tempo e do espaço.

Keep on going. =) Continuação de boa viagem.

Anónimo disse...

O vento… com várias intensidades e é só sentido por quem se expõem ou quando ele derruba barreiras; este vento não é visto.. apenas sentido.. sinto o teu em qualquer lado que esteja.. em qualquer momento de meditação..este vento é mais intenso..cada vez que te vejo, é como um tornado... tenho momentos que gostava que fosses invadido por um igual, eu, com um “abraço infinito”!

O melhor de tudo é que o vento esta presente em qualquer parte do mundo..não há cancelas nem barreiras… quando duas almas decidem prosseguir por um mesmo caminho, sem perguntas, destino ou direcção, apenas ao sabor do vento, onde a segurança o acompanha.

Inspiração dos meus sonhos, não quero acordar!

Anónimo disse...

Tudo é uma viagem... Até a espera. E esperar é uma das melhores virtudes do ser humano. Vale a pena esperar... Esperar por um sorriso, um abraço, um carinho, um beijo... um amigo.

Saudades.

Maggie disse...

Compreendo bem.

Li o teu texto com um sorriso nos lábios.